
Antigamente era só uma caixinha preta cheia de mágica, mas complicada de operar. O conhecedor do assunto era quase sempre um misto de artista, bruxo e alquimista.
Com o passar das décadas esse alçapão de capturar imagens foi deixando de ser místico para se transformar em um instrumento muito comum, quase corriqueiro. Todos têm um. Fotografam o tempo todo. Crianças, velhos, adultos, bons ou maus, desgraçados ou felizes, todos. Nos últimos dez anos, principalmente, ocorreu a globalização, digo, a banalização da fotografia.
Mas, como em todas as desgraças temos o petulante costume de procurar o lado bom, podemos considerar que essa revolução fotográfica está servindo para revelar a fronteira existente entre essa mania de “tirar fotos” e a arte da fotografia.
A luz é o componente mágico. É o pó de pirlim-pim-pim que detona o processo óptico-químico-artístico e sensibiliza a delicada superfície do filme, imprimindo nesse purgatório do tempo, a imagem de um milésimo de segundo.
As paisagens, as cidades e as “gentes” aparecem do jeito que são. Muitos tentam disfarçar com sorrisos e poses banais. Mas olhando bem lá no fundo dos olhos desses lapsos de momento, sempre poderemos encontrar o amor, a angústia, a alegria, o desespero, o grito desses fragmentos de tempo marcados quase à fogo em uma pequena janela quadrada. Uma foto-síntese de emoções.