Conjuguei o verbo haver
Em todas a pessoas.
Explorei o verbo ser
Em todos os tempos.
Atenuei o sofrer
Em muitos prantos.
E acomodei o pensar
Em todos os períodos.
A terceira pessoa
Deixei escapar sem esforço.
Na segunda eu me agarro
Com prazer.
Mas na primeira eu vivi
Intensamente o presente,
Até a hora do poente,
Onde o pretérito é mais forte
E o porvir só tem um verbo.
É o verbo imponderável,
Universal e democrático.
Que a todos os seres toca.
No Palácio ou na Oca.
Com a inconjugável certeza
Que m o r r e r não tem gerúndio.
E o particípio é o passivo.
O infinitivo é o além.
E imponderável quer dizer
Que não esquece de ninguém.